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Alto índice de endividamento dos brasileiros é um alerta para o consumo online

Red. em Jornalismo Impresso - 11h

O sistema ‘cashback’, que se traduz livremente para ‘dinheiro de volta’, promete devolver uma parcela do dinheiro do consumidor. Esse aparente benefício, no entanto, é uma tática de fidelização do consumidor para desenvolver um hábito de consumo que gere lucro às empresas e, por isso, deve ser usado com cautela.

O educador financeiro Vagner Pereira alerta que qualquer tática que reforça o consumo é perigosa, porque o brasileiro não tem o hábito de fazer planejamento financeiro. Para ele, a educação financeira blinda o consumidor dessas supostas facilidades que podem colocá-lo em risco de endividamento.


Segundo relatório da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 40% dos brasileiros não poupam dinheiro, pois a renda é menor que as contas mensais, sendo a maioria mulheres da classe C com mais de 35 anos. No Brasil, 65,5 da população está endividada, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, em janeiro, sendo a principal causa o cartão de crédito (79%).


Além disso, em relatório realizado pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro sobre o perfil do consumidor superendividado é possível extrair que 64,13% dos consumidores pertecem a faixa etária de mais 55 anos e 66% são mulheres. Esta pesquisa também aponta que o percentual médio da renda das famílias consumido pelo endividamento é de 90%.



Outro estudo, realizado pela pesquisadora Ana Tereza Pires, da consultoria IDados, baseado em números do IBGE, aponta que, em 2019, 47,5% dos lares brasileiros eram chefiados por mulheres, um aumento de 10,8% em 8 anos. Esses números incluem lares em que mulheres possuem cônjuges.

Mulheres mais velhas e de baixa renda são as mais afetadas pelo endividamento e com o aumento da dependência de suas famílias do seu salário e das suas decisões de compra, a educação financeira se revela importante para mudar o comportamento em relação ao dinheiro.


Em entrevista ao projeto Celina, do jornal O Globo, a economista e fundadora da plataforma de cursos de educação financeira para pessoas de baixa renda ‘NoFront’ Gabriela Chaves afirma que pelo ensino da economia e de finanças ser masculinizado e pela crença de que as mulheres gastam muito dinheiro, foi criada uma cultura em que mulheres não se preocupam com a educação financeira.


São muitos os projetos que tem se desenvolvido para educar financeiramente pessoas de baixa renda e que entendem a relação com o dinheiro como uma relação política, na medida em que a falta de conhecimento financeiro por homens e mulheres periféricos aumenta a desigualdade social do Brasil. Além da plataforma NoFront, a estudante de administração Nathália Rodrigues criou o canal Nath Finanças para educar também pessoas de baixa renda e, hoje, é colunista do El Pais Brasil e do Voz da Comunidade, e a jornalista Amanda Dias fundou uma empresa de impacto social chamada ‘Grana Preta’ que dá curso e consultoria financeira para mulheres negras.


Em entrevista para o canal Band Jornalismo, no Youtube, a especialista em finanças e dona do canal Me Poupe!, maior canal de finanças do mundo, Nathalia Arcuri afirma que o sistema cashback é uma forma de consumo que pode ser vantajosa caso a compra esteja dentro do orçamento de cada indivíduo ou prejudicial caso seja impulsiva. A promessa de uma porcentagem do dinheiro de volta, segundo ela, pode incentivar um consumo não-planejado que, por mais que gera um retorno, este pode ser mínimo comparado ao gasto necessário.


Por José Guilherme Fernandes


Foto: Arquivo Agência Brasil


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